04/04/2019

MÉRTOLA - VILA MUSEU.

Muralhas e Castelo de Mértola
Por todo o concelho abundam provas de um povoamento precoce, os primeiros vestígios remontam ao Neolítico, há cinco mil anos atrás. A Mértola, chegam Iberos, Fenícios, Gregos e Cartagineses, numa ocupação que tinha por mote o controlo das rotas comerciais. A romanização de Mértola deu-se ao longo do séc. II a.C., com a ocupação efectiva do território, a verificar-se na segunda metade desse século.


Designada de Iulia Myrtilis ou Myrtilis Iulia, a cidade assume a importância da sua actividade comercial. Na Antiguidade Tardia, Myrtilis manteve a sua importância económica e a sua vocação mercantil.

Ancoradouro no Rio Guadiana 

Chegam os primeiros evangelizadores cristãos e na arquitectura religiosa o período testemunha a edificação das primeiras construções cristãs de que é exemplo a Basílica Paleocristã do Rossio do Carmo. As convulsões militares que abalavam o império romano criaram situações de insegurança e instabilidade na cidade. Pelo concelho surgem, vestígios de comunidades visigóticas representadas por diversos vestígios arquitectónicos deixados no território.

Com a invasão dos povos do Norte de África, liderados por Tarik em 711, Mértola reafirma a sua função comercial e reforça a sua condição de porto mais Ocidental do Mediterrâneo. Ocorre nesta altura uma das fases mais importantes da história deste território e a cidade de Martulah chega a ser durante um curto período no século XI, capital de um pequeno emirado islâmico independente, a taifa de Mértola.
Muralhas e Castelo de Mértola

A conquista cristã deu-se no reinado de D. Sancho II, pelo comendador da Ordem de Santiago, Paio Peres Correia, em 1238. O território foi então doado à Ordem dos Cavaleiros de Santiago e, progressivamente, foi perdendo a sua importância comercial. Em 1512, D. Manuel I dá Foral a Mértola e durante os séculos XVI e XVII, o porto atinge novo fulgor com a exportação de cereais para as ocupações portuguesas no Norte de Africa.

Já nos finais do séc. XIX, a descoberta e exploração do filão mineiro na serra de “Sancto” Domingos deu novo ânimo a terras de Mértola. Na aldeia de S. Domingos ergueu-se um complexo mineiro e uma aglomerado populacional significativo. Com o declínio da exploração mineira, o concelho assiste a um êxodo populacional massivo, e entre 1961 e 1971 perde mais de 50% da sua população para nunca mais a recuperar.
Interior do Hotel Museu

Nos anos oitenta a intensa actividade arqueológica deu a conhecer todo o passado grandioso da vila no testemunho do vasto património descoberto em sucessivas escavações por todo o concelho. Da cidade romana e islâmica, além do seu próprio traçado urbano restam alguns vestígios monumentais e, sobretudo, as pequenas marcas da vida de todos os dias e as memórias de muitos saberes. São estes sinais, estes artefactos, recolhidos em campanhas arqueológicas e rigorosamente estudados, que hoje são o sedimento da sua identidade e o conteúdo dos seus vários núcleos museológicos e lhe conferem o rótulo de Vila Museu.

São vários os motivos que justificam uma visita demorada a Mértola e que se os fossemos a enumerar só iria tornar este texto massudo e desinteressante pelo que sugerimos consulta ao sítio na Internet da Câmara Municipal de Mértola (aqui) mas há um evento que normalmente se realiza em Maio que merece todo o destaque - FESTIVAL ISLÂMICO.

A Mértola islâmica dos dias do Festival enche-se de uma mistura de sonoridades de cá e de lá, do outro lado do mediterrâneo. No “souk”, os cabedais, as djellabas, o incenso, o sândalo, o chá de menta, as especiarias e a mistura de vozes árabes e lusitanas dão cor, aroma e melodia especial às ruas cobertas de tecidos; refúgio perfeito para a luz do sol. A música por estes dias celebra o encontro de culturas e por entre vozes de cante alentejano ouvem-se acordes de alaúdes e o batuque de uma darbuka. As noites do festival são um claro convite à descoberta de novos sons: no cais, no castelo, na praça ou recantos da vila, as noites são feitas de mais música, de música nova, cheia de ritmos ora fulgurantes ora mais intimistas de artistas de todo o mediterrâneo. Pela música se enaltece, aqui, uma comunidade receptiva à diferença, à descoberta, à experimentação, ao diálogo e ao salutar convívio entre pessoas.

Espelho de água no Rio Guadiana.
Fotos – 2WTOUR

Fonte do texto (aqui), (aquie (aqui)

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